segunda-feira, 15 de agosto de 2011

DRA. LABIRINTITE TEM CURA?


Acredito que a tontura é uma das principais causas de consultas médicas ao otorrinolaringologista. Percebo no consultório muitas dúvidas dos pacientes relacionado a este termo. Vamos ajudá-lo  a entender melhor o que é "labirintite" , sintomas, causas e tratamento.

O termo "labirintite"  apesar de frequente não é o mais correto, pois diz respeito a uma infecção do labirinto, seja viral ou bacteriano. Quando usamos o termo "tontura" fica mais correto pois este é um sintoma e iremos descobrir suas causas e fatores de influência.

Nosso ouvido possui dois componentes distintos : a cóclea, responsavel pela audição e o vestíbulo, responsável pelo equilibrio. Juntos, cóclea e vestíbulo formam o labirinto. O comprometimento desses componentes, individual ou separadamente, vai provocar sintomas como tonturas, desequilíbrio, surdez ou zumbido.



Quais são as causas de tontura?

São vários os fatores que podem contribuir para a tontura do paciente.
  • Como nosso ouvido consome muita energia uma causa frequente de mal estar, tontura e desequilíbrio é o jejum prolongado.
  • São outros fatores alteração de pressão atmosférica, seja mergulhando , em aviões ou subida e descida de serras.
  • Alterações metabólicas como diabetes, colesterol alto, doenças da glândula tireóide, doenças vasculares como pressão alta e arteriosclerose (entupimento das artérias por gordura);
  • Associação com enxaquecas e doenças neurovasculares podem ocorrer com certa frequência;
  • Doenças que afetem a coluna por oclusão da artéria vertebro - basilar e distúrbio da articulação tempo-mandibular;
  • Alguns medicamentos ototóxicos (antibióticos aminoglicosídeos e alguns antiinflamatórios);
  • Exposição excessiva a ambiente ruidoso;
  • Doenças próprias do ouvido como rolha de cera, otites agudas ou crônicas, doenças no nariz e garganta.
  • Alteração do próprio sistema labirintico, mais comuns em crianças que tem enjoos ao viajar , possuem cinetose.
Qual o tratamento para essa tontura?

O tratamento é individualizado e visa eliminar ou atenuar o fator que cause a tontura. descobrindo a causa fica mais fácil, porém nem sempre isso é possível.
As principais modalidades de tratamento são atuando no sintomas, na causa e reabilitando o paciente.


  • Tratamento dos sintomas: É usado sedativos que tiram o paciente da crise, repouso em alguns casos é nescessário. Lembre-se que alguns medicamentos tem efeitos colaterais importantes a longo prazo. Tenho pacientes que ao chegarem na primeira consulta  estavam tomando antivertiginosos por anos ( são efeitos colaterais de alguns medicamentos perda da memória, glaucoma, parkinson). Por isso é imprecindível o acompanhamento do especialista.
  • Tratamento da causa: É o que todos devemos procurar. Se tratarmos só os sintomas a melhora pode ser temporária.
  • Reabilitação: São exercícios específicos para melhorar o equilíbrio, pode ser realizado em qualquer idade e tem grande eficácia na tontura do idoso.



Orientações para prevenção da tontura:

1- Coma regularmente de 3/3h, nosso ouvido é extremamente sensível a queda e altas de glicose e sais, por isso não podemos ficar muits horas sem nos alimentarmos, mas também não é saudável abusar dos doces.

2- Faça exercícios físicos regularmente: Assim você melhora a sua saúde de forma global, melhora a oxigenação dos mais pequeninos vasos sanguíneos, inclusive da audição e equilíbrio.

3-Tenha uma dieta rica em frutas, verduras e grãos. As castanhas por exemplo são fontes ricas em zinco, importante componente do ouvido interno. Tome muita água. As pessoas esquecem da beber água e só o fazem quando estão com sede. Sede significa primeiro alerta da desidratação, então não espere ter sede para beber água.



4- SORRIA. O estress e a ansiedade contribuem em muito para piorar o quadro de tontura e zumbidos. Por isso relax!!




Um  grande abraço,
Dra Ângela Rúbia










segunda-feira, 1 de agosto de 2011

OUVIDO BIÔNICO "IMPLANTE COCLEAR"

O que é o ouvido biônico ?

Essa pergunta muitos pacientes tem feito ao procurar ajuda relacionada a perda auditiva. Hoje existem mais de 100.000 pacientes implantados em todo o mundo.

Por isso postarei aqui as perguntas e respostas mais frequentes. Minha experiência quando fui residente e fellow  na UNICAMP mostrou a alegria de muitos pacientes ao voltar ao ouvir, pessoas que tinham perdido a esperança de ter sua audição de volta. Também pude presenciar dezenas de crianças qua nasceram sem audição nenhuma e ao serem submetidas a cirurgia começaram a falar as primeiras palavras entre 6 m a 1 ano de pós operatório.
Cada paciente tem sua evolução muito particular. E a experiência de participar com cada uma delas é insubstituível.
Então vamos lá.


A- O que é o Implante Coclear?


O implante coclear consiste em um aparelho auditivo que difere dos outros por ser introduzido cirurgicamente no paciente e com particularidades em sua tecnologia.
Veja a figura abaixo.




1- Antena e Processador de som externo  : Capta o som externo e converte em sinal digital ;
2- Componente interno: Capta o som digital e envia aos eletrodos;
3- Eletrodos: Sítuado dentro da cóclea transforma o sinal digital em sinal elétrico para o nervo auditvo;
4: Nervo Auditivo: Os eletrodos estimulam o nervo auditvo diretamente, sem utilizar as células ciliares danificadas, então o cérebro percebe os sinais do som.

B- Quem pode receber este tipo de aparelho?

Qualquer pessoa que tenha perda auditiva de severa a profunda e não obteve benefícios com o uso do aparelho convencional. Os resultados são diferentes de acordo com o tipo de perda auditiva e o tempo em que permaneceu com a perda.
Os pacientes que mais se beneficiam são aqueles que já se comunicavam oralmente, ouviam e perderam a audição, exemplo como complicações pós meningites, otoscleroses avançada, uso de antibióticos ototóxicos, traumas cranianos entre outros.
As crianças que nasceram  com surdez e são implantadas até 4-5 anos também tem excelentes resultados.
Adultos que nunca falaram e nunca ouviram tem resultados mais limitados,  como eu disse, a evolução é muito particular e envolve muitos fatores.

C- Qual é o profissional que pode fazer esta cirurgia?

O otorrinolaringologista que esteja capacitado, tenha observado e participado desta cirurgia. Porém a equipe não se limita ao médico. São imprecindíveis a reabilitação fonoaudiológica, acompanhamento psicológico, da assistente social e outros de acordo com cada caso. 

D- O SUS realiza este tipo de cirurgia?

Sim. Porém deve-se preencher alguns critérios como ter perda auditiva bilateral de severa a profunda, adultos que ouviam e  perderam a audição e crianças até 6 anos que nasceram com a perda auditiva, casos de pacientes que nunca ouviram mas tem comunicação oral também podem ser implantados, estes critérios são semelhantes para pacientes de convênios, outros casos podem ser realizados pelo sistema particular.


Para a cirurgia ser realizada deve-se ter em mente que muitos outros exames serão feitos como tomografia computadorizada , ressonância magnética e uma bateria de testes fonoaudiológicos. Os pais ou cuidadores são imprecíndíveis porque sem o apoio familiar e esforço conjunto todo o processo cirúrgico pode ser em vão.

E- A recuperação é muito difícil?

Não. Ao sair da cirurgia o paciente fica com uma faixa em volto da orelha, que é retirada no dia seguinte, quando já recebe a alta. O retorno é feito em uma semana para retirada de pontos, em alguns pacientes os pontos são internos e não há necessidade de retirá-los. Após um mês é feita a ativação do aparelho e inicia-se o processo de reabilitação. O paciente deve se acostumar com os sons e começar a identificá-los.

F- O som que o paciente implantado ouve é igual ao normal?

Não. Muitos pacientes relatam que o som é diferente mas com os aparelhos mais modernos essa diferença está ficando cada vez menor.

Este vídeo foi realizado no centro cirúrgico da UNICAMP pela equipe do Caco Barcelos "Profissão Repórter" e acabou sendo mostrado pelo Mais Você. Ajuda a entender melhor o implante coclear.




Queridos amigos e pacientes um grande abraço e qualquer dúvida é só entrar em contato, bjs!!



Um abraço especial aos professores da Unicamp que nos ensinaram a arte da cirugia otológica, em especial nosso querido dr Paulo Porto.